Já tem bastante tempo que quero escrever esse texto. Vários que foram escritos nos últimos tempos "furaram a fila". É que o tema é muito complexo (na verdade, desafiador!) e esses a gente vai deixando de molho, mesmo que o blog exista justamente para me ajudar a pensar. Controverso, não?!
Há alguns anos eu estava dando uma aula de comunicação para meus queridos jovens e estávamos interpretando um charge cujo tema era a influência das mudanças tecnológicas no nosso comportamento e na nossa saúde. Aí, pra dar um exemplo, eu contei para eles como era a vida antes do controle remoto. Lembro que fiquei perplexa quando me contaram que já temos aplicativos para controle remoto no celular.
Se você nasceu nos anos 2000 nunca deve ter parado para pensar nisso, mas existia vida antes do controle remoto. Me lembro bem da primeira vez que tive contato com um - e com certeza não foi na minha casa. Naquele época, controle remoto era artigo de luxo. Exatamente por isso, lembro com clareza do primeiro que tivemos em casa. Eu estava insuportável do tanto que fiquei "me sentindo".
Atualmente, as televisões nem existem mais sem o controle. O que era acessório, hoje é item básico. Experimente ficar sem pilhas em casa e o controle pifar para você ver, nem dá mais pra mudar os canais ou usar o streaming na TV.
E o que era pra facilitar a vida, nos prende.
Hoje, na minha casa, me vejo várias vezes tendo que "servir" ao controle e não o contrário. Às vezes até me irrito porque o mudei de lugar e acabo tendo que levantar para poder pegá-lo.
E é exatamente isso que o controle faz com a gente. Ele nos controla!
Então, deveríamos apenas abrir mão dele, não é? Já experimentou o quanto é difícil?
Pra mim, é pauta constante. Assim como lembro do primeiro dia do controle remoto na casa da minha mãe, lembro dos meus joelhos no chão da igreja, soluçando de chorar, porque havia percebido, de um jeito muito doloroso, que não tinha controle da minha vida.
Isso já faz muito tempo. Eu não estou mais nesse estágio, mas o controle continua sendo uma pedra no sapato. Daquelas que incomodam e insistimos em não tirar. É muito difícil soltar. E a vida exige isso o tempo todo.
Fazendo essa analogia com o controle da TV, fico pensando quando foi que o controle virou item básico na minha vida. O quanto ele é indispensável e todo o sofrimento que me traz. E penso, ao mesmo tempo, que não preciso abrir mão dele totalmente - deixaria de ser eu, eu acho - mas que posso ser servida por ele.
Refletindo aqui, talvez essa seja a próxima atualização dessa pauta eterna.
Aquela eterna sensação de que sempre vai vir uma atualização que vai se tornar essencial é um tanto desesperadora às vezes.
ResponderExcluirEu espero que a gente aprenda a usar a tecnologia com mais sabedoria. Esse é um caminho que eu sempre tento...
Um beijo,
Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
Algumas Observações
Projeto Escrita Criativa
Sabedoria, Fernanda! Acho que essa é a palavra!
ResponderExcluirBeijo!