Acho encantadora sua
força, flexibilidade e multiplicidade e, às vezes, perigosa e fascinante sua
falta de forma. Gosto também de me aventurar na água. Brinco de pular ondas,
dançar na chuva, descer em tobogãs e até já saltei de tirolesa. E eu nem sou a
pessoa mais aventureira da turma.
Esses dias estive
pensando sobre essa coragem que sinto frente à água. Quantas vezes já nadei em
alto mar e fiquei boiando como se não houvesse amanhã. Mas também fiquei
pensando no medo que tenho dela, aquele que raramente me deixa entrar num rio
ou ir de cara nadar numa cachoeira desconhecida. Como em todos os aspectos da
vida, a água só me mostra o quanto sou dual.
Refletindo sobre tudo
isso, me lembrei de uma vez que saltei num rio, lá em Alagoas. De águas turvas
e com muita lama, certamente era um rio onde eu não entraria se não fosse
pulando. Mas por quê?
Conversando com uma
amiga, fizemos uma analogia entre as águas e os relacionamentos. Quantas vezes
saltamos em piscinas rasas sem o menor medo, mas trememos nas bases ao entrar
em águas profundas? Qual é o sentido de ter coragem de saltar de cabeça, mas
ter medo de entrar pé por pé? De quantas águas profundas já corremos pelos
traumas que as rasas nos deixaram?
Certo dia, um parceiro
de trabalho disse que via o novo desafio que estávamos vivendo com "muita
expectativa, mas com parcimônia". Há quanto tempo eu não ouvia essa
palavra, da sabedoria popular que fala sobre cautela, atenção e presença.
Então fiquei pensando
sobre as águas profundas e que para adentrá-las é preciso coragem e parcimônia.
O salto também exige coragem, mas muito mais instinto.
Concluí, portanto, que
as águas profundas exigem movimento, firmeza, parcimônia e consciência. Ah, os
pulos, quanto é mais fácil ser imediatista do que fazer escolhas maduras!
*Dedicado à minha amiga Bruna em
agradecimento a um papo em que, ao falar dela,
entendi-me
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