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Entre Saltos e Mergulhos

 Eu amo água! Gosto de beber e de ouvir o barulho dela correndo nos riachos, na fortaleza do mar e até nas fontes que temos em casa. Gosto de vê-la caindo do céu ou dos penhascos. Gosto também de me banhar, na cachoeira, na piscina, nas duchas, no chuveiro e no mar.

Acho encantadora sua força, flexibilidade e multiplicidade e, às vezes, perigosa e fascinante sua falta de forma. Gosto também de me aventurar na água. Brinco de pular ondas, dançar na chuva, descer em tobogãs e até já saltei de tirolesa. E eu nem sou a pessoa mais aventureira da turma.

Esses dias estive pensando sobre essa coragem que sinto frente à água. Quantas vezes já nadei em alto mar e fiquei boiando como se não houvesse amanhã. Mas também fiquei pensando no medo que tenho dela, aquele que raramente me deixa entrar num rio ou ir de cara nadar numa cachoeira desconhecida. Como em todos os aspectos da vida, a água só me mostra o quanto sou dual.

Refletindo sobre tudo isso, me lembrei de uma vez que saltei num rio, lá em Alagoas. De águas turvas e com muita lama, certamente era um rio onde eu não entraria se não fosse pulando. Mas por quê?

Conversando com uma amiga, fizemos uma analogia entre as águas e os relacionamentos. Quantas vezes saltamos em piscinas rasas sem o menor medo, mas trememos nas bases ao entrar em águas profundas? Qual é o sentido de ter coragem de saltar de cabeça, mas ter medo de entrar pé por pé? De quantas águas profundas já corremos pelos traumas que as rasas nos deixaram?

Certo dia, um parceiro de trabalho disse que via o novo desafio que estávamos vivendo com "muita expectativa, mas com parcimônia". Há quanto tempo eu não ouvia essa palavra, da sabedoria popular que fala sobre cautela, atenção e presença.

Então fiquei pensando sobre as águas profundas e que para adentrá-las é preciso coragem e parcimônia. O salto também exige coragem, mas muito mais instinto.

Concluí, portanto, que as águas profundas exigem movimento, firmeza, parcimônia e consciência. Ah, os pulos, quanto é mais fácil ser imediatista do que fazer escolhas maduras!

*Dedicado à minha amiga Bruna em 
agradecimento a um papo em que, ao falar dela,
entendi-me

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