Hoje eu tive medo!
Entre tantos medos que este ano tem nos apresentado (2020!), hoje eu tive medo de não dar conta.
Não imagine que isso é mimimi, mas eu raras vezes tive esse medo na vida. Veja bem: esse medo.
Não porque me ache Foda, mas porque costumo - por ser dedicada, esforçada, comprometida - dar conta do que me proponho (ou será por que ouso pouco? Ou ainda, por questão de honra?).
Só sei que tive medo! E medo de estar sentindo isso!
Mesmo sabendo que o medo é uma emoção básica e, por isso, necessária... Quase chorei de medo!
E aí, senti culpa. Senti culpa porque uma das coisas que mais faço na vida, profissionalmente ou não, é ajudar as pessoas a darem conta. Como que eu posso não dar?
E aí o peso aumentou.
Mesmo me lembrando que sou humana, que é importante acolher tudo isso, que o contexto não está favorável, que ficar triste é normal e etc etc etc, eu senti culpa.
E aí, chorei. Senti raiva, e chorei de novo.
E fiquei triste.
E me acolhi.
E escrevi.
Me senti humana.
Me senti inteira.
Me senti.
Este texto não é e nem tem pretensão de ser uma resenha (quem sabe uma singela homenagem), mas uma reflexão provocada por uma pequena grande obra. "O pequeno vendedor de chicletes: e outros contos sem fadas", da minha amiga e brilhante escritora Aline Caixeta é daqueles livros que trata do que realmente importa: nossa humanidade. Nessa coletânea, a autora conta - a seu modo, mesclando, como ela mesma diz, cores, nosso povo e nossa cultura - contos clássicos de Hans Christian Andersen. Para ela, e para mim também, a literatura é, além de um direito, uma forma de compartilhar o que há de mais humano em nós. Conheci a obra como um projeto, um desejo, uma vontade. Minha amizade com a autora surgiu pelo encontro que trabalhar com projetos sociais e culturais nos proporcionou. Tantas trocas nos fizeram perceber que, mesmo com muitas diferenças, tínhamos valores muito parecidos e, desde então, seguimos juntas pela vida, em uma relação que "ultrapassa os limites da linguagem...
Comentários
Postar um comentário