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Em busca de sentidos...

O "português" é realmente uma língua encantadora. Vejam vocês que a palavra sentido tem 04 sentidos e um deles é sentido!

Eu, que gosto de explorar os significados das palavras, - ah, como eu amava essas aulas na Letras! - nunca tinha me atentado para a magnitude dessa! Foi um professor, desses que marcam nossa trajetória de vida porque enchem a nossa formação de sentidos, que me provocou esse olhar!

Sentido pode ser sobre aquilo que é sentido, nossos sentimentos e sensações. Também diz sobre direção, sobre para aonde vamos. Ainda pode ter sentido de coesão e logicidade e, finalmente, de significado.

Nesses últimos dias tenho refletido sobre o sentido das coisas, das relações, enfim, da vida! E quando digo que tenho refletido sobre o sentido, na verdade, tenho refletido sobre todos esses sentidos porque, para mim, eles se entrelaçam.

E é justamente por esse entrelaçamento que fiquei verdadeiramente na dúvida sobre com qual começar esse texto. E aí escolhi começar do começo! Acredito que o que determina tudo é a direção, o rumo, a bússola que escolhemos ao caminhar. Todo mundo cita o "gato da Alice" sobre qualquer caminho servir quando não há direção. Tendo ou não tendo lugar de chegada (pelo menos o que se espera que seja), nossa caminhada é determinada pelo sentido que escolhemos ou somos escolhidos.

E nesse caminhar, muitos são os sentidos que nos atravessam. Sentir! (já falei sobre esse tema aqui também). Podemos ir correndo e não observar a paisagem. Podemos engolir e não aproveitar os sabores. Podemos não perceber os aromas. Podemos nos incomodar com a brisa. Ou podemos sentir e, assim, nos constituir. 

Mas nesse mesmo sentido de sentir estão aqueles que fomos aprendendo a esconder. As emoções e os sentimentos. Qual sentido faz caminhar se não os reconhecemos? De que adianta alcançar a chegada se não ouvimos, acolhemos e aquecemos nossa alma?

E aí, vem o terceiro da lista: significado. Se não prestamos atenção a quem nos tornamos durante a caminhada ela pode perder o sentido. Se não nos lembramos os motivos que nos levaram a fazer essa trajetória, talvez ela não tenha valor. Se não nos conectamos com quem somos, podemos fazer várias coisas sem sentido.

Então, chegamos ao "último" sentido, que é, talvez, o mais desafiador de tudo! Que é a busca diária de muita gente que quer aproveitar a caminhada para ser alguém melhor: a coerência. Será que o que penso, faço, creio, sinto e entrego tem e faz sentido?

Viktor Frankl, sobrevivente de campos de concentração Nazistas e fundador da Logoterapia, descobriu que (sobre)viver só é possível com descoberta do sentido da vida.  Aquele que a gente sente, sabe?! 

Quando Frankl diz isso eu acho que ele está falando de todos os sentidos do sentido.  Que magnífico é ter tudo isso entrelaçado em uma busca pelo que, no fundo, é o que chamamos de felicidade!


Dedico esse texto a três pessoas muito queridas:
Thaíke, que me apresentou esse (e outros) jeitos lindos de ver a vida
Lucidelma, que me ajuda a permitir o sentir
Lorena, que me mostrou a beleza que é o meu sentir e a força da minha escrita

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