A gente cresceu - e quando eu digo "a gente" estou me referindo à minha geração, no mínimo - acreditando em muitas coisas estranhas sobre o amor. Nos contos de fadas e nas novelas o amor tinha sempre elementos como sofrimento, traição, uma luta incansável e um final feliz retratado realmente nos últimos 05 segundos e que, com o tempo, passamos a desconfiar bastante se era verdade!
Na vida real, por outro lado, fomos desencorajados a amar, a nos relacionar, a nos entregar... São tantos exemplos de relacionamentos frustrados e de outros de fachada... também são tantas frases como: "larga de bobeira, isso não existe não, isso aí é só no começo" ditas repetidamente em momentos diversos, que, sem percebermos, foram ficando gravadas como cicatrizes em nós.
Além disso, vale a pena fazer um parênteses para os outros tipos de amor que sempre foram muito pouco legitimados. Amor entre amigos? Que estranho! Amor de família... mais difícil ainda de entender. Essa falta de intimidade com o que é de fato amar só serviu para perturbar ainda mais nossa mente que já estava bastante confusa.
É claro que nossas próprias dores e nossos próprios fantasmas, nossos relacionamentos pouco saudáveis sendo contrapostos por demonstrações homéricas de amor nos programas semanais de domingo ajudaram a complicar ainda mais essa ideia de amor.
Nos últimos anos, com muita leitura, meditação, terapia, recolhimento, conversas profundas, reflexão tenho colocado essas coisas em seus devidos lugares para tentar entender a genuinidade do ato de amar. Primeiro, entendi que amor é comportamento. Depois, entendi que é um sentimento complexo sustentado por várias outras coisas importantes, como a admiração, o cuidado e o respeito, por exemplo.
Por fim, tenho observado o quanto o amar é um ato cotidiano. É claro que, canceriana que sou, gosto das manifestações sim! Flores, bombons, serenatas, cartas, presentes, palavras, olhares continuam sendo importantes porque são formas de expressar o sentimento. E expressar o sentimento é importante não só para quem recebe como para quem expressa. Mas, para ser uma expressão que aquela mente confusa do começo do texto vê como coerente, ela tem que vir acompanhada do amor cotidiano.
Como você está? Ouvi uma música e lembrei de você! Tenho uma novidade para te contar! Você precisa vir nesse lugar, vai adorar! Fiz pamonha, vem tomar café com a gente! Você está diferente, está acontecendo alguma coisa? Estou torcendo por você! Preciso de um abraço seu! Resolvi aquele problema para você. Dormiu bem, está melhor? Fica com Deus!
O amor, segundo o dicionário, é um sentimento afetivo que faz com que uma pessoa queira o bem da outra; uma afeição intensa que "leva alguém a querer o que, segundo ela, é bonito, digno, esplendoroso".
Amar assim tem me feito um bem danado! E me permitir sentir esse amor de pessoas tão especiais na minha vida tem me sustentado. É um privilégio amar!
Dedico esse texto a você que me ama e
que se deixa ser amado por mim...
Ah! Não coloquei os nomes de propósito!
Os meus amores vão se reconhecer ;)
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