Todos os dias, quando acordo, eu me espreguiço na cama antes de levantar. Faço isso depois que aprendi que é bom para evitar dores no corpo. Houve uma época em que eu sentia muitas dores no corpo. Dores constantes, às vezes incapacitantes. Quem sente dores constantes sabe o quanto é difícil ter que aprender a viver com elas. A viver apesar delas. Hoje isso não acontece mais. Eu aprendi a cuidar mais de mim e, de lá pra cá, para evitar a dor, eu mudei muitos hábitos. O de espreguiçar é um deles.
Muitos dos hábitos que adotei para cuidar do corpo físico significaram acrescentar algo à rotina: incluir exercícios físicos, aumentar a atenção na postura, espreguiçar e alongar. Mas nem sempre cuidado tem a ver com acrescentar. Às vezes é preciso retirar.
Há mais de um ano eu criei este blog com o objetivo de ter um espaço para elaborar meus sentimentos e pensamentos (calma! não vou retirar o blog da minha vida!). E em meu último texto até então eu refletia o quanto esse exercício havia sido fundamental em meu último ano. E aí, veio um apagão!
Dizem os estudiosos e críticos literários - e também muitas escritoras e escritores que eu admiro - que a inspiração é uma parte pequena da produção literária. E eu concordo! Mas nessa junção arquitetada entre forma e conteúdo, é sim preciso ter o que dizer. E eu não tinha?!
Nos últimos meses eu vinha evitando pensar (e sentir?) sobre mim. É como se tivesse entrado num piloto automático, em modo de economia de energia. Não é que os pensamentos não existissem ou que conseguira um nível super evoluído de meditação. É que não tenho lhes dado corda. Eu tenho tirado a pilha.
Talvez isso seja importante, às vezes. Tirar a pilha. Apagar a luz. Desligar da tomada. Retirar.
Do ponto de vista deste próprio blog, dá pra perceber que eu vinha de um movimento intenso de reflexões e elaborações. Aí entra o apagão. Uma pausa. Um respiro. O silêncio.
Às vezes, para viver, é preciso sobreviver.
O fato é que não dá pra viver fora da tomada e, aos poucos, venho retomando a consciência sobre o que penso, sinto e quero. E voltar a escrever aqui é um exercício e tanto desse ser em contínua construção. Dessa pessoa que entendeu que tá tudo bem ter uma pausa depois de muito movimento e, ao acordar, começar com gentileza, espreguiçando....
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